Bruce Conner – <i>É tudo verdade</i>
Artista multifacetado, desde sempre enfrentando o stablishment, Bruce Conner (1933-2008) deixou uma obra que vai do cinema ao desenho, da fotografia à gravura, da pintura à escultura – feita quase sempre com materiais comprados em segunda-mão ou recolhidos na rua –, em que repudia e alerta para os males da sociedade norte-americana, desde o consumismo à violência, à pena de morte, ao militarismo e à ameaça nuclear durante a guerra fria. Entre as suas obras mais emblemáticas destaca-se a escultura «Child», escura e desagradável, que em 1959 foi transportada em andas durante uma manifestação em São Francisco contra a pena de morte, realizada a propósito da condenação de Caryl Chessman à pena capital por um júri quase exclusivamente feminino, por alegada violação nunca provada, um caso que deu que falar durante anos. O valor do então desconhecido Bruce Conner não demorou a ser reconhecido: em 1961 «Child» já estava no MoMa de Nova Iorque. O Museu Reina Sofia, em Madrid, apresenta por estes dias a maior retrospectiva na Europa da obra do artista. Intitulada «É tudo verdade», a mostra reúne 250 obras representativas de todos os estilos e géneros cultivados pelo artista.